Aconteceu na Bahia
Cena 1 – Malandragem
A estação das chuvas e ventos fortes impunha uma solução para a varanda. O ideal era envolvê-la em vidro e não perder nem um centímetro da paisagem. Como aqui ninguém escapa do improviso e o vidro(na agilidade local) chegaria no fim do inverno, decidimos por uma lona.
A loja, na cidade, tinha exatamente o que procurávamos; só faltava a mão de obra de instalação, feita por uma pessoa indicada pelo vendedor. A sorte, pelo menos até aquele instante, sincronizou a nossa urgência com o especialista em instalar a lona e ele apareceu, na hora que estávamos pagando.
-Esse é o rapaz – disse o vendedor.
Dei a metragem de material para instalar, o endereço e ele orçou o serviço em 250,00. Pechinchei, pechinchei e a pouca oportunidade de trabalho deixou o serviço por 180,00, com a condição de pagar, junto com o material, na própria loja.
-Posso incluir o valor no cartão? – perguntei ao vendedor da loja.
-Pode sim. Eu repasso o valor, em mercadoria para o instalador, e já fica tudo certo.
E ficou tudo errado. O instalador adiou o serviço três vezes, depois, disse que estava doente e só poderia instalar, no mês seguinte.
Voltei à loja, contei a situação, e o vendedor explicou que não poderia mais devolver o dinheiro; o argumento foi que, conforme combinado com o instalador, ele já tinha, inclusive, retirado o pagamento do serviço, em mercadorias.
-Tenha paciência, ele é assim mesmo, uma hora aparece – aconselhou o vendedor, no embalo da falta de pressa local.
Cena 2 – Boa vontade
Na mesma semana, a lanterna do carro queimou e eu levei para trocar. A oficina elétrica estava cheia, então, estacionei na rua. Entrei e um rapaz me perguntou se podia ajudar. Eu contei o que precisava e ele foi me acompanhando até o carro.
Tirou uma chave de fenda do bolso, abriu o acesso à lâmpada queimada; voltou para dentro da loja-oficina e trouxe a lâmpada; em menos de quinze minutos, estava tudo resolvido.
Na hora de pagar, ele disse:
-Moça, pague só a lâmpada. O serviço a senhora me dá um trocado e está certo. Eu não sou funcionário da oficina.
-Como assim? Você não é funcionário da oficina?
-Hoje, eu vim só para trazer o meu curriculum. Com a oficina lotada achei que podia dar uma mãozinha.